Olá, Mundo

 Boite Zuleika tinha uma música muito má chamada precisamente Cão muito mau (a letra era terrível, embora se colasse bastante na nossa cabeça) e durante muito tempo uma amiga minha tinha como toque de telemóvel essa música mas na versão ao vivo; música essa que começava por,

"Olá Mundo, não é olá Lisboa, é olá Mundo, através da rdp, para todo o mundo, todo o mundo, aquela bola redonda"


Como é que ainda me lembro disto? É uma excelente pergunta. Na verdade já não sabia exactamente de cor, apenas uma ideia, e tive de ir procurar a um outro mundo, que era este blog em 2012 - aqui. Coisas giras que aconteciam.

E sim, é verdade que houve um tempo em que o blog respirava a bons pulmões, tinha vida e vitalidade, depois foi esmorecendo, perdendo a força, até se tornar num ser ligado às máquinas, sem qualquer esperança de retorno. Nem em própria acho que isso irá algum dia acontecer - mas dizem que a esperança é a última a morrer.

O que sempre mais gostei neste espaço é que sendo um diário da vida adulta, era muito útil enquanto recordatório de memória. Quantas vezes já não me lembrava bem quando tinha feito o quê; ou em que local; e vim cá ver. Era também uma excelente forma de rever em traços largos os anos. Olhando hoje parece que 2021, 2022, 2023 nem se quer aconteceram. Mesmo antes disso... e é pena porque a minha memória é péssima, troco as coisas, não me lembro de hotéis, restaurantes, festas, atividades, planos, projetos.. só dos livros, realmente, que é para o que serve hoje em dias, saber quantos e quais livros li.

Eis portanto tudo o que perdi, a possibilidade de me lembrar de tudo o que fizemos nos últimos anos. A última viagem que aqui está foi à Disney e depois disso já estivemos em Madrid, na Suíça, na Irlanda e em vários sítios de Portugal (gostava de me lembrar de todos de cabeça).

No início de 2024 convenci-me de que voltaria a um registo mais frequente, uma vez por mês, estilo resumo, mas às tantas o ano já leva quatro meses e nada de registos. Shame on me. Com a agravante ainda de não praticar essa bela atividade que é escrever, e que eu amo! Nem se quer sei se falamos aqui de um livro que eu publiquei em 2023? Pouco provável - mas aconteceu! E o outro, que estava / está a ser escrito, acaba altamente influenciado por esta falta de prática. Continuo a achar que é tudo uma falta de organização e não de tempo (ainda que o meu não sobre) e que por isso conseguia fazer tudo o que quisesse. Mas ainda não me organizei o suficiente. Vamos ter fé de que vai acontecer? Afinal, a esperança... vocês sabem!

O livro partilhado

 O que dizer sobre isto?

É um Os sete maridos de Evelyn Hugo mas em bastante pior. Mas a premissa é tão a mesma, a história tão a mesma mas os detalhes tão abaixo, que fiquei bastante desiludida, confesso.



Escritores & Amores

 Algures na crítica diz-se que toda a gente que quer ser escritor devia ler este livro; não tenho a certeza se é bem assim, mas li-o bem, é interessante, reflete o sofrimento do escritor, tem humor à mistura. Não foi para já o preferido ao ano mas é um bom livro, que curiosamente estava para ler há meses e só calhou agora. Tenho sempre gosto em livros sobre escritores e este foi um bom exemplar.



Vemo-nos em Agosto

Ora aqui está um abraço apertado, curtinho, que começou, foi bom e já passou. Meia dúzia de páginas maravilhosas, em obra póstuma, que devorei num dia.



Percebe a dica, Dani Brown

 Já tinha lido o outro livro das irmãos Brown, pelo que já sabia ao que ia; não foi propriamente uma surpresa. São livros que se leem num instante e que fazem companhia mas que passados uns dias já nem nos lembramos deles. São boas pontes para livros melhores!



Comédia Romântica

 De vez em quando é muito preciso um livro destes, especialmente se depois do Shuggie Bain, que é pesadão. Este é leve e amoroso, com a vantagem de ser sobre uma escritora, coisa que gosto muito, ler sobre escritores. Claro que depois tem muito covid-19, coisa que já não gosto tanto. Mas pesando tudo, foi um bom amigo durante dois ou três dias!



Margarida Espantada

Nunca tinha lido Rodrigo Guedes de Carvalho e foi uma boa surpresa. Gostei imenso do livro, que foi em dois ou três dias. A história prende imenso, gostava muito que tivesse mais 20 páginas mas acabou onde tinha de acabar. Foi uma boa leitura, lembrando que adoro ler em português original, sem traduções, faz uma diferença enorme na experiência. Uma língua maravilhosa, a nossa.



Shuggie Bain

 Tenho o Shuggie Bain na mesinha de cabeceira há dois anos, não sei porque esperei tanto. Esta é uma história sobre o privilégio e de nem fazermos a mais pequena ideia da sorte que temos. Imperdível, mesmo.



Meu pé de laranja lima

 Então foi assim, comecei a chorar na primeira página e acabei de chorar depois de fechar o livro. Meu Deus do Céu...! Li em três horas, nu Porto-Lisboa de comboio, que foi uma vergonha, em choradeira do princípio ao fim.



Misericórdia

 Foi o livro que abriu o ano e que bela abertura. Duro mas tão necessário. Teve depois aquele pequeno problema que ainda tem para mim e que foi acabar em covid. Ainda não tenho distanciamento para conseguir ler mas ainda assim, um livrão



Os esquecidos de domingo

 E fechamos o ano com chave de ouro, ou não fosse Valérie Perrin incrívelmente talentosa. Não é A vida breve das flores, que me encheu o coração, mas é melhor do que o Três e é um livro lindo, doce, maravilhoso. Excelente forma de fechar o ano - que podia ter sido mais rico em livros, mas tivemos grandes coisas. Vamos falar dos favoritos em breve!



Carta aberta. À minha filha que faz 6 anos

 I.,

Esta é uma altura do ano engraçada para fazer anos. Há tanta festividade e das importantes, nem se quer é um carnaval ou assim; é mesmo o natal, que pode muito bem ser a maior festa do ano. Ainda assim, arranjas maneira de destacar o teu aniversário. Andas dias a dizer que faltam 4, 3 2 dias para os teus anos. E de alguma forma, o 25 de dezembro é mesmo muito sobre ti. Nesta altura ainda achas maravilhoso fazer anos neste dia, em parte porque recebes 427 prendas e isso é incrível! Espero que seja sempre!

Entraste este ano para o primeiro ano, coisa que durante algum tempo achamos que poderia vir só a ocorrer em 2024 mas ainda bem que foi assim. Estás super contente com a escola e a tua professora diz que és muito organizada, cuidadosa, trabalhadora e tens sempre tudo muito direitinho na tua secretária. Ainda mais importante, que és a primeira a ajudar os amigos, que se algum pede um lápis, tu dás logo o teu. Nem imaginas como isso nos deixa felizes, saber que estamos a criar uma pessoa em condições! A tua professora, que tu adoras, também diz que te portas super bem, almoças sentada no teu lugar e cumpres as regras da sala. Depois, sais da escola e há toda uma transformação em Super Nekis e nunca aconteceu fazeres uma refeição em casa em que estejas sentadas do princípio ao fim (só se for massa...), és totalmente roda no ar, eu tenho de te chamar 200 vezes para banho, vestir, jantar, dormir.. e há por vezes umas birras na tua vida. Mas ainda bem que distingues os sítios para as fazer e sabes onde é suposto portar bem e soltar a franga (salvo seja).

Tens muita, muita piada. Dizes as coisas mais incríveis aos 6 anos e és mesmo gira que dói. As pessoas param na rua para te dizer que tens o cabelo maravilhoso - ainda que tu não adores - e nós estamos sempre a pensar o quão tramados estamos quando fores adolescente. Ainda há dias tivemos a festa de natal da escola, com a tua atuação de dança na primeira fila e Deus nos ajude! Claro que agora tu não achas nada disso, não gostas do teu cabelo, querias que fosse liso, estás sempre a pedir para esticar. Mas vais ganhar juízo, vais ver.

A tua coisa preferida no mundo é a televisão e a switch, talvez em igual medida. Se te deixasse, estavas 12 horas por dia com um écran à frente, é mesmo inacreditável. Ainda assim, de segunda a quinta não há televisões nem consolas nem computadores a funcionar cá em casa, o que ajuda a regular o vício! Se não estiveres a ver televisão ou a jogar, estás a fazer o pino no sofá (muitas vezes, as duas coisas em simultâneo) e brincas se brincarem contigo. Gostas de ir à natação e à ginástica e adoras as aulas de dança. 

Não comes nada de jeito, és muito pisco a comer mas vamos dar-te uma camisola com a frase que mais dizes: "Posso comer qualquer coisa?". És a petiscadora de serviço, uma maça, uma bolacha, um leite de pacote, uma banana.. qualquer coisa. E massa. Que seja massa todos os dias e está perfeito. 

Tens tanto de maluca como de querida e meiguinha. E estás sempre a mostrar ou a dizer que gostas de nós. Adoras as manas, estás sempre a agarrar a L., que se defende mas que é a tua fã número um, maior babada do mundo com a Nê (que foi dos primeiros nomes que aprendeu a dizer). 

Ainda me custa a acreditar que tens 6 anos, na minha cabeça tens 3, ou pelo menos acho impossível que tenha passado mais do que isso. 6 é mesmo grande! Não tarda estás na faculdade de design de moda - que é o que dizes que vais ser, desenhar roupas. Eu acho que vais ser o que quiseres porque és determinada, focada e teimosa - tudo características que quando te mando tomar banho e não vais, me põem cabelos em pé mas que te serão imensamente úteis vida fora. Temos imenso orgulho em ti e vais ser sempre a nossa Nekis. Gosto de ti! Parabéns a nós! 


Tudo é rio

 Outubro e novembro foram meses de deserto no que à leitura diz respeito. Vinha com imenso gás do verão e empanquei completamente, primeiro com Afonso Cruz, depois com a Pineaple Street e a coisa simplesmente não se deu. Mas depois aconteceu isto. É absolutamente incrível quando acontece um livro assim. Já tinha tido a sorte do Rafel Galo mais no início do ano. E agora vem Carla Madeira e isto é tudo dela. Que obra prima incrível! Que LIVRO! Obrigada vida por saber ler!



A casa de Pineapple Street

 Uma história sobre ser rico e como é tão chato ser rico e ter problemas de rico e só se dar com ricos. Não foi bem a minha cena. É pena..!



O Pintor debaixo do lava loiças

 Fui dormir com o Afonso Cruz todas as noites durante mais de 15 dias. Embora tenha adorado as frases, a escrita, não sei se foi o ritmo, se a forma, adormecia-me todos, todos os dias. Por isso demorou séculos a ser acabado. Mas estou contente por finalmente ter estreado este autor (embora não tenha sido assim uma leitura que me fascinou por aí além..)